sexta-feira, dezembro 31, 2004

Campanha de Solidariedade



Esta campanha vem publicitada no Público.


Fonte: Wikipedia


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A Estúpida do Ano

Com um muito obrigado ao meu amigo Pedro M. republico o e-mail que me enviou.

Que pena, a miúda até é engraçadinha, até pode ser que seja convidada para a próxima Quinta das Nulidades, de certeza que fará uma óptima parelha (estamos a falar de aninais, não estamos?) com o Castelo Branco & Companhia. Xô bicharada!

Cá vai ele:

A estupidez de alguns ao máximo!

Na SIC Notícias deu uma reportagem onde entrevistaram portugueses que partiram depois da tragédia para a Tailândia, mantendo as férias marcadas como antes de tudo acontecer. Dulce Ferreira respondeu que já tinha as férias marcadas, que não tinha ficado nada preocupada com o que tinha acontecido, porque os pais, que lá estavam, tinham enviado uma msg a dizer que tinha havido "uns tsunamis e umas coisas", mas estavam bem.

Quando a jornalista lhe pergunta se estava triste com toda a situação Dulce Ferreira respondeu "sim, claro, agora já não vou ter todas as condições de férias que iria ter se por acaso não tivesse acontecido nada disto. Por outro lado, estou contente, porque vejo as coisas mais ao natural, como elas são." Aqui segue a fotografia da inteligente do ano 2004.


Dulce Ferreira, a estúpida do ano, para não dizer do milénio,
pois pode sempre acontecer uma surpresa ainda mais desagradável.
A estupidez não tem limites!

Comentário, tentando manter o nível intelectual desta turista acidental (sim, porque um acidente nunca vem só!!). Será que vou ainda ter algumas condições de férias?? Não estará tudo um bocadinho estragado, com cadáveres a boiar e assim???

Mais: não haverá tubarões naquelas águas lamacentas? E a confusão nas ruas com os feridos? E os mortos não a incomodarão? O choro das famílias pelos seus mortos??


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quarta-feira, dezembro 29, 2004

Deus é um Terrorista

A provocação foi inicialmente lançada no Atrás da Orelha, mas se há blog mais indicado para provocações e/ou acusações, é este, por isso transcrevi o artigo para cá.

Então cá vai ele:

"Depois da catástrofe do sudoeste asiático em que um terramoto seguido de um maremoto dizimou mais de 100.000 seres humanos, sendo a esmagadora maioria deles pobres, com um modo de vida miserável e sem grandes expectativas quanto ao seu futuro, apanhando na enxurrada algumas centenas de ricos, na maioria europeus, australianos ou norte-americanos em gozo de férias, e já agora um ou outro pedófilo que proliferam por aquelas zonas acompanhados dos respectivos proxenetas locais. Para que não restem dúvidas não pretendo discriminar ninguém, muito menos as vítimas, mas se faço esta referência é porque me parece que os órgãos de comunicação social ocidentais parecem valorizar mais os seus mortos do que as dezenas de milhares de vítimas locais. Se estiver enganado peço desculpa, pois vítimas são todos independentemente da sua condição.

Como os crentes costumam responder nestas situações, seja qual for a sua religião, são insondáveis os caminhos de deus. Eu, que não sou crente, perante tamanha devastação só posso concluir que não há qualquer deus que possa castigar assim os que nele acreditam, ou até mesmo os que não acreditam. E das duas uma, ou de facto não existe qualquer deus, como estou convencido, ou então deus é um terrorista maior do que qualquer mísero bin Laden, com recursos muito maiores e um poder discricionário que não está ao alcance de qualquer facínora, por mais cruel e repugnante que possa ser.

De todos os terroristas conhecidos da Humanidade, deus é o maior de todos, até quando são os homens a fazer as acções terroristas. Mesmo aí, na maior parte dos casos, fazem-no em nome de deus."

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segunda-feira, dezembro 20, 2004

O Sopro do Coração

Sim, o amor é vão
É certo e sabido
Mas então (porque não)
Porque sopra ao ouvido
O sopro do coração
Se o amor é vão
Mera dor mero gozo
Sorvedouro caprichoso
No sopro do coração
No sopro do coração

Mas nisto o vento sopra doido
E o que foi do
Corpo no turbilhão

Sopra doido
E o que foi do
Corpo no turbilhão

Sopra doido
E o que foi do
Corpo alado
Nas asas do turbilhão
Nisto já nem de ar precisas
Só meras brisas
Raras

Corto em dois limão
Chego o ouvido
Ao frescor
Ao barulho
À acidez do mergulho
No sangue do coração
Pulsar em vão
É bem dele é bem isso
E apesar disso eriça a pele
O sopro do coração
O sopro do coração

Mas nisto o vento sopra doido
E o que foi do
Corpo no turbilhão

Sopra doido
E o que foi do
Corpo alado
Nas asas do turbilhão
Nisto já nem de ar precisas
Só meras brisas
Raras

Sérgio Godinho, Lustro

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domingo, dezembro 19, 2004

Amigos de Quem

Lá voltaste a puxar pra ti o lençol
Como que a privar meus sonhos do último raio de sol
Amigos são sombras do tempo
Que enrolam seu tempo à espera de ver
O que não existe acontecer

Mas teimas em riscar o fim do meu chão
Nunca medes a distância
Dos passos à razão
Meus votos são claros na forma
Desejo-te o mesmo que guardo pra mim
E o que não existe não tem fim

É só dizer e volto a mergulhar
Voltar a ler não é morrer é procurar
Não vai doer mais do que andar assim a fugir
Deixa-te entrar para tentar ou destruir

Mas quem te ouviu falar
pensou tudo vai bem
Só que alguém vestiu a pele
Que nunca serve a ninguém
E a dúvida está do meu lado
Mas eu não consigo olhá-la e achar
Ser esse o lado em que ela deve estar

Erguemos um grande castelo
Mas não nos lembramos bem para quê
E essa é a verdade que se vê

É só dizer e volto a mergulhar
Voltar a ler não é morrer é procurar
Não vai doer mais do que andar assim a fugir
Deixa-te entrar para tentar ou destruir
Mas sem fingir
Sem fingir
Sem desistir

Manuel Cruz, Lustro

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quarta-feira, dezembro 15, 2004

H2OMEM

A gota caiu na poça
A poça caiu na lagoa
A lagoa caiu no mar
e aqui se fez
a pessoa

A pessoa caiu na outra
A outra caiu na outra
A gota caiu na gota
E o mar se fez
da garoa*

Agá dois homem
pra dentro da boca da boca da boca do rio
Correndo escorrendo pra dentro do copo vazio
e do copo cheio transbordando, embalando o navio
chovendo, jorrando, enxurrando, enchendo o cantil

Agá dois homem
pra beber e tomar banho
Agá dois homem
pra nadar e fazer sopa
Agá dois homem
Pra molhar a plantação

Contra a cabeça pedra
Contra a cabeça ferro
Contra a certeza inquestionável

Agá dois homem
Pra lavar a roupa suja
Agá dois homem
pra furar a pedra dura
Agá dois homem
pra chover sobre o sertão

* Garoa - espécie de neblina que paira sobre S. Paulo (um parente do "fog" Londrino)

Arnaldo Antunes, Lustro

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segunda-feira, dezembro 13, 2004

Dançar na Corda Bamba

A vida é como uma corda
de tristeza e alegria
que saltamos a correr
pé me baixo, é em cima
até morrer

Não convém esticá-la
nem que fique muito solta
bamba é a conta certa
como dança de ida e volta
que mantém a via aberta

Dançar na corda bamba
não é techno, não é samba
É a dança do ter e não ter
É a dança da corda bamba

Salta agora pelo amor
ele dá o paladar
mesmo que a tua sorte
seja a de um perdedor
Nunca deixes de saltar

Se saltares muito alto
não tenhas medo de cair
de ficar infeliz
feliz a cem por cento
Só mesmo um pateta feliz

Dançar na corda bamba
não é techno, não é samba
É a dança do ter e não ter
É a dança da corda bamba

Carlos Tê, Lustro

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Animais Políticos

Tenho-me mantido à margem da actual conjuntura política, isto é, tenho estado mais a observar do que a opinar, no entanto a situação é grave e o País arrisca-se a mergulhar numa crise estrutural da qual, sem uma nova mentalidade, dificilmente se libertará.

No entanto não me apetece escrever um artigo de análise sério e opinativo, a casta política de que dispomos não me dá a seriedade nem a serenidade necessárias para tratar o assunto seriamente.

Optei por um artigo irónico, se para tanto me ajudarem o engenho e arte (momento cultural), com a ressalva de não pretender ofender ninguém, muito menos os animais (eles mesmo) que servem de comparação. Ofendido com artigos deste género, só se pode sentir quem, por estupidez, não tenha maleabilidade suficiente para esboçar um encolher de ombros e passar a outro assunto, ou quem se sinta, de facto, retratado nas caricaturas aqui apresentadas. Muito menos pretendo atingir as instituções democráticas do País, embora ache que elas não estão para lá da crítica, e não só os que, por delegação popular expressa através do voto, estão, de momento, confundidos com essas mesmas instituições.

Na presente conjuntura acho que os principais responsáveis, e por uma ordem que não é de todo arbitrária, são Jorge Sampaio, Durão Barroso, Santana Lopes e Paulo Portas. Evidentemente que aqueles que lêem com alguma regularidade este blog sabem que, dos quatro, aquele com quem terei mais afinidades políticas é o presidente Jorge Sampaio e, por isso mesmo, sou mais crítico em relação a ele.

Depois desta longa introdução vamos lá às caricaturas, desafiando desde já os leitores a deixarem as suas próprias caricaturas destes ou de outros membros da casta política. Comecemos então e, para já, só para os quatro supracitados.


Jorge Sampaio, a avestruz

Durão Barroso, a raposa ou o amigo da onça (o cherne já está mais que estafado)

Santana Lopes, o pato, mas também poderia ser carapau de corrida

Paulo Portas, fuínha ou toupeira


A avestruz justifica-se porque o visado parece andar um pouco perdido, tendo desperdiçado a ocasião de fazer o que devia na altura certa, mesmo que estejemos sempre a tempo de emendar a mão, o certo é que daqui saiu uma grande embrulhada de que ninguém entende nada, muito menos as justificações, quando elas até seriam fáceis de dar. Da inabilidade actual resulta objectivamente uma ajuda preciosa a Santana Lopes dando-lhe os argumentos que precisa para, tal qual qualquer bebé chorão, sustentar a tese da vitimização.

A raposa justifica-se porque foi ele que abriu esta crise refugiando-se no gordo galinheiro da UE, tendo convencido os Portugueses que a sua nomeação ou eleição para Presidente da Comissão Europeia seria um cargo de alta relevância para o País. Como se viu chumbou o negócio da fusão do gás com a electricidade o que, enquanto Primeiro-Ministro, considerava de importância estratégica para o País. Ora cá está o amigo da onça.

O pato, fala, fala, fala e não diz nada, daí que este pato, por artes de transformismo, varie constantemente entre o inábil pato fora de água e o carapau de corrida dentro de água.

Finalmente a fuínha ou a toupeira, porque é subterrâneo e calculista, digo mesmo que, para mim é a eminência parda do regime, é um Richelieu sem estatura de Homem de Estado, mas é o único que tem uma estratégia definida.

Neste quadro não posso desculpar Jorge Sampaio por não ter demitido o Governo e dissolvido o Parlamento aquando da demissão de Durão Barroso. Para quê dar uma oportunidade a quem já se sabia de antemão que não tinha, não tem, estofo de estadista? A situação agora criada vai afastar ainda mais os Portugueses das suas responsabilidades de cidadania e aumentar o número de abstenções e votos brancos ou nulos nas próximas eleições. Não será esta a estratégia de alguns políticos? Só o futuro o dirá.

Não creio que a repetição da actual maioria em futuras eleições traga algo de novo ou de bom ao País, mas o povo é soberano e essa será a única opinião que todos temos obrigação de realmente respeitar, sem estarmos sempre a dizer que respeitamos as instituições do País. É que quando repetimos muitas vezes a mesma coisa isso reflecte, da parte de quem profere tais afirmações, exactamente o contrário.

Qual será o resultado das próximas eleições de Fevereiro? Não sei. Só sei que já nada me surpreende, nos EUA também George Bush foi reeleito. Só espero que, qualquer que seja o resultado, não vingue a estratégia do quanto pior melhor e que quem quer que venha a sair vencedor o seja de forma clara e que os valores da abstenção baixem significativamente para dar credebilidade ao próximo Governo, mesmo que não seja aquele de que nós gostaríamos.



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domingo, dezembro 12, 2004

Caubói Solidário

Venho do deserto
do reino dos cactos
lá onde brota a virtude
e a pureza dos actos
sou um caubói solidário
venho salvar a cidade
puxo do meu breviário
e vou pregar a verdade
o que me prende aos humanos
é a salvação dos maus
prefiro o cheiro do gado
e o silvo dos lacraus

caubói, caubói solidário
faz chegar a toda a parte
o longo braço da moral

atravesso o rio Bravo
e na rua principal
da cidade perdida
travo um duelo mortal
com o egoismo reinante
com os agentes do mal
e sem olhar para trás
com medo da estátua de sal
digo adeus à mulher
salva da perdiçáo
que me pede o meu amor
mas eu nem lhe dou atenção

ele é um caubói solidário
faz chegar a toda a parte
o longo braço da moral
caubói, caubói solidário
faz chegar a toda a parte
o longo braço da moral

parto sem recompensa
sem conferência de imprensa
no meu cavalo lendário
sou um caubói solidário
sou muito mais que rotário
não quero ficar na história
quero voltar ao deserto
sem a gordura da glória
para o conforto dos cactos
para os escorpiões
se precisarem de mim
eu ouço as vossas orações

Carlos Tê, Kazoo

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sábado, dezembro 11, 2004

Cromo

Quando atravessas a noite
com um toque de erotismo
és figura de tomo
do moderno romantismo
cromático, sintático
dá vida à cidade morta
que vê concursos na t.v.
com trancas atrás da porta

não és hetero
não és homo
tu és um cromo
eu adoro cromos

tu és o delírio da fauna
que se destila na sauna
nessa pose alternativa
de conquista e abandono
uma coisa te motiva
é ser cromo de serviço
estético, herético
trabalhas muito para isso

não és hetero
não és homo
tu és um cromo
eu adoro cromos
colecciono-os

quando atravessas a noite
com um toque de exotismo
nessa pose alucinada
de quem passeia no abismo
um cromo cromatiza a noite
cromático, sintático,
exótico, caótico,
poético, estético
peripatético

não és hetero
não és homo
tu és um cromo
eu adoro cromos
colecciono-os

Carlos Tê, Kazoo

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sexta-feira, dezembro 10, 2004

Sem Freio

Como garranos num prado
como crianças no recreio
sem culpa sem pecado
sem decoro nem asseio

como cometas lustrosos
numa overdose de luz
como dois cristos formosos
juntos e ao vivo na cruz


fomos amantes sem freio
na curva dos dias
derrapando sem receio
na triste curva dos dias

como um poente na praia
em queda livre de Outono
como o dançarino da noite
cheio de fumo e de sono

como o sonho adolescente
que embate no mar real
ao ver a paixão ardente
perder-se no areal

fomos amantes sem freio
na curva dos dias
derrapando sem receio
na triste curva dos dias

como o acto teatral
da peça que tudo diz
um Shakespeare total
onde ninguém fixa infeliz

porque o amor se cansou
acabar é então o preço
só a tragédia é bonita
só ela traz outro começo

fomos amantes sem freio
na curva dos dias
derrapando sem receio
na triste curva dos dias

Carlos Tê, Kazoo

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RACISMO NÃO!!!

Na passada terça-feira disputou-se no Estádio do Dragão o jogo FC Porto-Chelsea FC. Deste jogo resultou a vitória do FC Porto e, consequentemente, a sua passagem aos oitavos de final da Liga dos Campeões.

Tudo está bem quando acaba bem, pelo menos pela perspectiva dos portistas. No entanto nem tudo correu bem. Não, não vou fazer qualquer tipo de análise ao jogo, isso já fiz noutro post e noutro blog: A Chama do Dragão. Vou falar de algumas manifestações racistas, conscientes ou inconscientes, a que assisti durante o jogo.

Numa ou noutra ocasião sempre que um jogador preto (preto e não negro, pois ao dizer negro já estaria a ser perconceituoso, logo a ter uma atitude racista) do Chelsea tocava na bola lá se ouviam os famigerados "Huuu! Huuu! Huuu!". Infelizmente esta situação repete-se por muitos estádios, quer em Portugal quer por essa Europa fora, e não só nos estádios de futebol, mas embora condene manifestações racistas onde quer que ocorram, preocupam-me ainda mais quando se dão em locais onde estou presente, pois sinto-me revoltado, indignado e envergonhado. Envergonhado porque lamentavelmente posso ser confundido com atitudes das quais discordo profundamente. Sempre que tal acontece não deixo de manifestar a minha discordância, indignação e revolta, pois não me quero ver envolvido, mesmo que indirectamente, em tais atitudes, como se, pelo simples facto de estar presente no local, fizesse parte dessa horda ululante e acéfala que assume tais atitudes.

Por isso mesmo quero aqui deixar um louvor e um forte abraço solidário a McCarthy, que teve a coragem de mostrar a sua indignação e revolta, criticando essa massa acéfala que apelidou de estúpida, tendo o cuidado de não confundir a nuvem com Juno. McCarthy lembrou também que sempre que alguns adeptos assumiam esse tipo de comportamento em relação a jogadores da equipa adversária se sentia tembém lesado, pois como é evidente não é branco. Bravo meu caro McCahrthy!


Bravo McCarthy!

Recentemente critiquei uma atitude anti-desportiva desse excelente jogador que é McCarthy, quando da célebre agressão que levou à sua expulsão, tendo prejudicado seriamente a equipa, quer naquele jogo, quer nos dois seguintes, que teve de cumprir de suspensão, se o não fizesse não estava a ser coerente e estava a discriminá-lo e, portanto a ter uma atitude racista. As pessoas podem e devem ser criticadas, ou louvadas, pelas suas atitudes, nunca por causa da cor da pele.

Aqueles que assumem tal indignidade, são os mesmo que nos respectivos locais de trabalhos são os capachos de patrões prepotentes, sempre prontos a lamber-lhes as botas e a passar por cima dos direitos dos colegas de profissão, com o único e limitado objectivo de serem agradáveis ao patrão e fazerem a sua vidinha. São pessoas que para além de estúpidas não têm carácter, afirmo-o sem preconceito e sabendo que corro o risco de generalizar, mas quem não quer ser lobo não lhe veste a pele. Há duas formas de ser estúpido, aquele que é estúpido porque o é declaradamente e aquele que é estúpido por falta de informação e cultura e, quem é estúpido, por vocação ou devoção, é facilmente manipulável. Nem uns nem outros têm desculpa.

RACISMO NÃO! BRAVO BENNI McCARTHY!


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quinta-feira, dezembro 09, 2004

Abas do Vento

Não é impossível dançar
mesmo p'ra quem tenha
pé de chumbo
dançar é apenas um modo
mais intenso de existir
é sentir o tempo do mundo
e deixar-se ir

as onda, a lua e a chuva
entram na roda também
o tambor do mundo
não exclui ninguém
as coisas não descansam
não desistem
felizes por existir
elas dançam

nas abas do vento
deixam-se ir
sem pensamento
quase a cair
mas sempre no tempo

impondo um quebrado nexo
dos pés à cabeça
tabuada do sexo
Maputo ou Moscovo
Rio ou Pequim
a dança passa por nós
e nós dizemos sim

nas abas do vento
deixa-te ir
sem pensamento
quase a cair
mas sempre no tempo

nas abas do vento
deixar-se ir
sem pensamento
quase a cair
mas sempre no tempo

Carlos Tê, Kazoo

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quarta-feira, dezembro 08, 2004

I'm free

I'm free to do what I Want any old time
I'm free to do what I Want any old time
So love me hold me love me hold me
I'm free any old time to get what I want

I'm free to sing my song knowing it's out of trend
I'm free to sing my song knowing it's out of trend
So love me hold me love me hold me
'Cause I'm free any old time to get what I want

So love me hold me love me hold me
I'm free any old time to get what I want

I'm free to choose who I see any old time
I'm free to bring who I choose any old time
Love me hold me love me hold me
I'm free any old time to get what I want

Mick Jagger

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segunda-feira, dezembro 06, 2004

Melancholia

Um poente da cor do passado
um sépia quase sangue
um olhar sonolneto para longe
um horizonte perdido

uma torre tombada
no xadrês do tempo

não há como voltar
à grandeza do ontem

e cai a nostalgia
como concha vazia
que a maré deixa aos pés
e roi a melancolia

um barquinho moderno no mar
com alma de argonauta
um herói cego por tanto ver
um velho sem comer

uma canoa no Tejo
um fado na taberna

e cai a nostalgia
como concha vazia
que a maré deixa aos pés
e roi a melancolia

e cai a nostalgia
como concha vazia
que a maré deixa aos pés
velha melancolia

Carlos Tê, Kazoo

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quarta-feira, dezembro 01, 2004

A Liberdade Também Está a Passar por Ali

Nem só de Portugal nos chegam boas notícias. Em Cuba foi recentemente libertado o jornalista e poeta Raúl Rivero, dissidente político do regime de Fidel de Castro que, há cerca de ano e meio, tinha sido condenado a 20 anos de prisão por delito de opinião. Também os ventos de mudança e liberdade estão a soprar por aquelas bandas.


A propósito da libertação de Raúl Rivero, deixo aqui um forte abraço ao João Tunes que foi daqueles que, na blogosfera, mais tentou divulgar a situação atentatória dos mais elementares Direitos do Homem pela qual estava a passar Raúl Rivero. Primeiro no Bota Acima e depois no Água Lisa João Tunes fez um trabalho militante e persistente, por isso o meu forte abraço para si, meu caro João.

Não há que esmorecer a luta continua, pois ainda existem muitos presos políticos em Cuba e mesmo a situação de Raúl Rivero não está completamente resolvida.

Pela libertação de todos os presos cujo único "crime" é ter opinião estejam eles em Cuba ou noutra parte qualquer do Mundo. Tal como dizia o poeta: "Não há machado que corte a raiz ao pensamento".


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