segunda-feira, janeiro 23, 2006

A Vitória Anunciada

Tal como se esperava Cavaco Silva venceu as eleições presidenciais de 22 de Janeiro.

Curiosamente o candidato da direita venceu por uma margem mínima, bem longe da vitória esmagadora que se anunciava, mas, por mais ou por menos, isso é um factor de somenos, o importante é que ganhou.

Cavaco Silva, o homem dos tabús, preparou ao longo de 10 anos a vitória nas presidenciais e a estratégia resultou. Não foi uma vitória do PSD, nem muito menos do CDS/PP, foi sem dúvida uma vitória pessoal de alguém que soube, como poucos, esperar o momento certo e manipular, ou colocar ao seu serviço, aqueles que agora tentam pôr-se em bicos de pés para conseguir alguns louros, esquecendo-se que estrategicamente não desempenharam papel nenhum a não ser o de se colocarem ao serviço do candidato como se de marionetas se tratassem. No fim da festa, tal como Pinóquio, as marionetas pretendem ganhar vida própria, esquecendo-se que Cavaco (o Gepeto que lhes dá a vida) conhece bem o material com que se fazem os bonecos.

A eleição de Cavaco Silva mais, mas muito mais, que uma vitória dos partidos que o apoiaram, foi uma vitória de José Socrates. Sócrates tem o Presidente que sempre desejou no actual panorama político do País. O Primeiro-Ministro governa à direita por isso o melhor que lhe podia acontecer era um Presidente que apoiasse inequivocamente a sua política, o que infalivelmente vai acontecer. Por isso é que Mário Soares foi atirado para a selva, pois qualquer outro vencedor, que não Cavaco Silva, e em particular Manuel Alegre, seria uma ameaça para o Governo. Neste contexto Mário Soares foi simplesmente o candidato descartável que serviu de ponte para a eleição de Cavaco Silva.

Quanto a Manuel Alegre esteve a um pequeno passo de se transformar num grão na engrenagem do sistema partidocrático português. Nesta perspectiva lamento que não o tenha conseguido, pois ajudaria a clarificar muita coisa. Mas a ver vamos o que nos reserva o futuro.

Os restantes candidatos cumpriram o seu papel. Jerónimo de Sousa, Francisco Louçã e Garcia Pereira foram os únicos que discutiram ideias, concorde-se ou não com elas e com eles, mas o povo não quer ideias, o povo quer um messias, omnisciente e omnipresente, vulgo big brother, pois aí o têm, um big brother bicéfalo. O mesmo caminho delineado por duas cabeças: a de Sócrates e a de Cavaco.

Como nota de rodapé não quero deixar de referir a vergonhosa atitude de José Sócrates ao fazer coincidir a sua comunicação com a de Manuel Alegre e, pior ainda, a subserviência das televisões ao poder ao colocaram no ar o Primeiro Ministro, chutando para canto o candidato Manuel Alegre. Simplesmente abominável.

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País democrático? E esperam que eu acredite nisso?

Estes são os resultados das eleições de ontem num país não democrático chamado Portugal (com 2 freguesias por apurar):

Cavaco Silva...............2745491 votos.....50,59%
Manuel Alegre............1124662 votos.....20,72%
Mário Soares................778389 votos.....14.34%
Jerónimo de Sousa.......466428 votos......8,59%
Francisco Louçã...........288224 votos......5,31%
Garcia Pereira................23650 votos......0,44%

Segundo a lei eleitoral referente à votação para a Presidência da República, os votos em branco não contam para o apuramento das percentagens dos candidatos.

Nas eleições de ontem registaram-se (com 2 freguesias por apurar) 58.868 votos em branco, o que corresponde a uma percentagem de 1,06% de todos os votantes.

Se Portugal fosse um país democrático, a opinião de quase 60.000 pessoas seria tida em consideração. Num país em que bastam 7.500 assinaturas para levar um candidato a votação, a opinião de um número de pessoas suficiente para validar quase 8 candidatos não é contabilizada.

Na eleição para PR, assumir que não se quer nenhum dos candidatos e expressá-lo votando em branco é igual a escrever no boletim de voto "P*** que vos pariu a todos!"

Se é assim que eles querem...

Eis os resultados que teríamos se este país fosse democrático (com 2 freguesias por apurar):

Cavaco Silva...............2745491 votos.....50,05%
Manuel Alegre............1124662 votos.....20,50%
Mário Soares................778389 votos.....14.19%
Jerónimo de Sousa.......466428 votos......8,20%
Francisco Louçã...........288224 votos......5,25%
Garcia Pereira................23650 votos......0,43%
(votos em branco: 58868 - 1,07%)

Ou seja, na versão real (a não democrática), Cavaco Silva ganha à 1ª volta com metade e mais 32.069 votos (50,59%) e na versão democrática, Cavaco Silva ainda ganha à 1ª volta mas apenas com metade e mais 2.635 votos (50,05%).

Como é que se pode ignorar a votação de portugueses que, todos juntos têm muito mais do que o dobro do que o resultado de um dos candidatos a votação?

Foi por muito pouco que a quantidade de votos em branco não apresentou números que poderiam levar a eleição a uma segunda volta. Ao menos poupa-se algum dinheiro ao país (sim, eu sei que é apenas uma questão de bolso - se não vai para um, vai para outro - mas eu gosto de me enganar a mim próprio).

Entretanto, não sei se repararam, mas os votos em branco tiram mais percentagem a quem tem mais votos por isso, neste caso, à direita.

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quarta-feira, janeiro 18, 2006

Agora sim, "comícios"!

Dizem que a palavra foi inventada pelos romanos.

Ora nós sabemos que os romanos eram muito amigos dos "comes e bebes".

Afinal os Jantares-comício não são uma artimanha para as salas não ficarem às moscas. Antes houve alguém que resolveu dar à palavra Comício o seu verdadeiro sentido!

Assim sendo, meus amigos, não só podem deixar de lhes chamar redundantemente Jantares-comício e passar a referir-se a eles como Comícios, como ficamos a saber que o que se fazia antes era outra coisa qualquer que se poderia designar como Gritício (na parte do público) ou (na parte dos candidatos) como Falício.

Bom, para além de não soar nada bem, não tenho a certeza que, no que concerne aos candidatos, a actividade tenha mudado por aí além.

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A não ser que Comício, em vez de vir de comida, tenha a ver com "cómico".

A ser assim, da maneira que as coisas andam, bem lhes podem mudar o nome que eu não lhes acho gracinha nenhuma!

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segunda-feira, janeiro 16, 2006

Não é bem atirar a toalha...

Do que se trata aqui é de não deixar que continuem a fazer de mim parvo!

Ora vejamos...

Cavaco inventou o défice, Cavaco inventou o regimento de carreiras da função pública, Cavaco isto, Cavaco aquilo... dizem os outros, para nós ficarmos a saber.
Cavaco não diz nada e, quando diz, diz asneira. Cavaco não quer debater. Os outros protestam (fica-lhes bem) mas aceitam.

Cavaco não é político profissional. Obviamente!

Se tentasse fazer exame para o ser, chumbava!

Cavaco não conhece o país. Conhece a família e a faculdade!

Mário Soares sim, é político profissional! É um animal político! Sim, mas um predador!

Mário Soares move-se com destreza, ajudado pelo seu clã. Faz parte de todas as seitas que lhe dão jeito e tem o dom de ser, em terra de cegos (os outros candidatos) o que tem o maior olho.

Supostamente seria assim, se não estivesse na eminência de perder já à primeira volta. Então começamos a vê-lo a morder sem nexo, a falhar o pescoço da presa.
Será a velhice da fera? Ou é mesmo desespero?

Manuel Alegre é o poeta, o rosto da utopia, a última esperança daqueles que ainda acreditam na liberdade.
Será?

Manuel Alegre é o orgulho ferido. Manuel Alegre quer ajustar contas com Sócrates, que o impediu de passar de alto funcionário do aparelho para líder.
Manuel Alegre é um moralista (ou até isso será pose?). Fala de fraternidade, de decência, de pátria (mas sempre à esquerda).

Manuel Alegre é oportunista ao usar Cunhal? É sim senhor!

Manuel Alegre tem o direito de usar Cunhal? Tem sim senhor, como os outros têm o direito de usar Sousa Franco, Sá Carneiro ou Salazar. Afinal vale tudo, não é?
Manuel Alegre foi contra a co-incineração no distrito de Coimbra. Muito bem, é a sua função. Mas Manuel Alegre é deputado da nação. Se a co-incineração era má para Coimbra não o seria também para o Parque Natural da Arrábida? Manuel Alegre não sabe onde é a Arrabida. Está lá por Coimbra, quer lá saber da pátria e do orçamento de estado para alguma coisa!

Jerónimo é o discurso do costume, mas em versão simpática. Os fantasmas são os mesmos, os herois os mesmos são.

Jerónimo ficou ofendido por Alegre mencionar Cunhal!

Sacrilégio! Alguém pôs a minha cassete a tocar noutro leitor!

Louçã sabe muito! Foi sempre o melhor da turma!

Agora descobriu que o estado nunca (desde Cavaco, como convém) cumpriu a lei na atribuição de fundos do orçamento de estado para a segurança social.

Há quanto tempo é que Louçã está no Parlamento?

Quantos orçamentos já votou?

Se o Estado não cumpre a lei, porque é que Louçã não processou o estado?
Só descobriu a marosca agora ou estava a guardar o trunfo?

Louçã passou rapidamente de atirador de bosta a políticos para organizador de jantares-comício com ecrans gigantes e consultores de imagem. Não se sentem enganados? Eu sentia!

Garcia Pereira é a vitima!

Porque é, de facto. Não faz parte do jogo, tem de dar pulinhos, acenar muito e protestar até que o vejam e o deixem brincar um bocadinho com a televisão.
Garcia Pereira é incómodo e fala como quem não deve e não teme. Estar fora do jogo, afinal é cómodo.

Garcia Pereira é injuriado por ser advogado de defesa de um qualquer "direitista". Não sei se o é por acreditar na inocência do tal "direitista" mas, se assim é, se calhar deviam era aplaudi-lo.

Garcia Pereira é advogado de direito do trabalho, sabe que o Estado não cumpre a lei nesse domínio e está dentro do assunto como poucos em Portugal. Garcia Pereira já fez a respectiva denúncia?

E lá andam eles, escondendo o jogo mas mostrando as cartas, prometendo coisas que sabem não ser da competência do Presidente da República mas que ficam sempre bem numa campanha, fazendo campanha com os defeitos dos outros, que as qualidades, por muito que as estiquem e as pintem de cores bonitas, não convencem ninguém.

Um voto em branco não é atirar a toalha ao chão!

Um voto em branco é dizer: "Já conheço essa receita, já comi disso e não gosto!".

Um voto em branco é dizer: "Venham outros, que estes já cheiram mal!".

Um voto em branco, por muito que o escondam, mostra que nem tudo se divide em maiorias e minorias.

Um voto em branco só é um voto à direita para a esquerda! Para a direita é um voto à esquerda. Já alguém tinha pensado nisto?

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Na Hora de Decidir

Na sequência dos comentários deixados ao meu desabafo anterior sobre as Presidenciais 2006, nomeadamente pelo amigo que muito prezo, Muguele, do João Coutinho e ainda do amigo João Tunes, blogueiro imérito, do Água Lisa, venho esclarecer o seguinte e clarificar, tanto quanto me é possível, a minha opção.

É verdade que ainda não tenho uma decisão final sobre quem votarei na primeira volta, tudo dependerá da forma como correrer esta última semana de campanha, mas muito provavelmente acabarei por, na hora de colocar o xis no quadrado, optar por Manuel Alegre.

Esta minha decisão acenta na convicção crescente de que Manuel Alegre, para além de merecer o meu respeito, é o único candidato da esquerda que poderá defrontar, com êxito, Cavaco Silva, numa eventual segunda volta. Ao optar por Manuel Alegre já na primeira volta não estou a engolir nenhum sapo e também não ficarei com o amargo de boca de não ter feito o que não estava ao meu alcance para evitar que alguém que se encontra nos antípodas do meu pensamento possa ocupar a Presidência do meu País.

Para o Muguele uma palavra de compreensão, mas também acho que ainda não é altura de deitar a toalha ao chão. Desistir só a inevitabilidade da morte me forçará tal sorte.

Está na hora de voltar a acreditar que a utopia ainda é possível, por isso o mais provável é que na hora, no último segundo do último minuto, a minha opção seja Manuel Alegre.

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sábado, janeiro 14, 2006

Presidenciais 2006

Espelho, espelho meu...

Ontem fui ver o filme King Kong, interessante filme e não só pela qualidade dos efeitos especiais.

Neste filme e a dada altura, um dos personagens, escritor, faz o seguinte comentário a propósito de um actor hollywoodesco: "os actores viajam por muito lado, correm mundo, mas a única coisa que vêm é a sua imagem projectada no espelho".

Tal afirmação encaixa perfeitamente na maioria dos políticos da nossa praça.

Agora que se iniciou oficialmente a campanha eleitoral e os candidatos estão perfeitamente definidos, chegou a hora de fazer o meu pequeno comentário. Simples, como deve ser o de alguém que tem um caminho, mas gosta de perceber os caminhos dos outros.

Nesta campanha temos três lados. Um o da direita, perfeitamente definido, silencioso, submisso em torno do seu chefe. À espera do tempo das vacas gordas. Este bloco é liderado, como não podia deixar de ser, por Cavaco Silva. O candidato que nunca se engana e raramente tem dúvidas e que agora foi elevado à categoria divina por Valente de Oliveira que afirmou que é o candidato que tudo sabe, que tudo vê, que tudo... O candidato, que só diz o que as pessoas querem ouvir, cuja esposa submissa caminha nas suas costas, omnisciente e omnipresente, se não é deus deve ser no mínimo o big brother. Acabado de nascer, impoluto, virginal, imaculado, branco, este é o candidato sem passado e que só diz o que o povo quer ouvir, por mais primário que seja. A direita tem o seu candidato, pelo menos até à vitória (se vier a acontecer), depois se perder vai ser engraçado ver quem assume as responsabilidades, ou se ganhar quem vai querer ficar com os louros.

Ao "centro" temos o candidato que é da direita, do centro ou da esquerda conforme está mais perto ou mais longe da área do poder. É o senhor contradição, politíco politiqueiro, ou como outros, mais educados, lhe chamam: o animal político. Eis Mário Soares. Não hesita em usar os amigos, como também não hesita em virar-lhes as costas quando estes não servem as suas, ou ao seu clã, vaidades. Não é deus, nem rei, porque se diz republicano, ou será mais uma das suas contradições? Demagogo e homem de palavras fortes, caracteriza-se mais por acções fracas, mais de acordo com a sua demagogia do que com as suas palavras. Continua ainda a viver à sombra da capa do pai, velho republicano, capa essa que por mais que se estique já não chega para o seu filho. Soares precisa da "política" como qualquer um de nós, vulgar mortal, precisa de respirar e de se alimentar. No entanto temos que lhe fazer justiça, mesmo que não se goste do homem (e eu não gosto), desempenhou um papel importantíssimo na História recente de Portugal, o qual se arrisca a ficar manchado devido á sua teimosia e vaidade pessoal, ou será que é do seu clã?

À esquerda temos mais quatro candidatos: Manuel Alegre, Francisco Louçã, Jerónimo de Sousa e Garcia Pereira.

Quatro (ou se quisermos cinco, que eu aqui até incluo o outro, o de cima) personalidades diferentes, com passados diferentes, mas que têm em comum os valores, retórica e dialética da esquerda, assim como uma passado de luta contra a ditadura. No passado não viraram a cara à luta e não hesitaram em denunciar a prepotência e a falta de liberdade, não se esconderam, não se calaram, e por isso sofreram as consequências, mas não desistiram.

Alegre, o poeta, é um homem de fortes convicções e princípios, mas também um pouco narcísico, característica que lhe advém da sua qualidade de poeta. Sendo um homem de cultura, muitas vezes as suas ideias políticas parecem ficar no limbo que existe entre o real e o ideal. É, a meu ver, o candidato da utopia e, se não fosse por mais nada, já tinha por essa razão a minha consideração e respeito. Como dizia outro poeta: sempre que um homem sonha, o mundo pula e avança.

Francisco Louçã é um homem claro nas ideias, mas que precisava de passar pelo poder para que pudessemos aferir das suas reais capacidades de governação e verificar como conseguiria pôr em prática as excelentes ideias e princípios que defende em teoria. Tem aquele ar de seminarista ao qual não consegue escapar, mas que se esforça por desmentir sempre que sobre tal é questionado. Hoje Manuel Alegre chamou-lhe, com uma certa piada, um Cavaco virado do avesso. É alguém com um enorme potencial à espera da oportunidade de provar do que é capaz. Merece que nos dispamos de preconceitos e que finalmente lhe seja dada essa oportunidade.

Jerónimo de Sousa, o candidato operário. Simpático, direi até mesmo popular, mas a sua campanha presidencial não existe. Sabe que nunca lhe será dada essa responsabilidade, por isso está na campanha para tentar dar outra imagem do seu partido, até porque, na óptica marxista-leninista pura, cada eleição é mais um campo de batalha para prestar um serviço ao partido e servir interesses estratégicos mesmo que, como dizia Lenine, agora possamos dar um passo atrás para mais tarde dar dois em frente.

Garcia Pereira, o homem que nunca desiste de afirmar as suas convicções. Se não fosse por mais nada, pelo menos por isso Garcia Pereira merece a minha simpatia. Sem apoios, sem máquina, por carolice e por vontade política, lá vai o candidato tentando fazer passar a sua mensagem. Não conheço muito mais dele para além das suas fugazes aparições nas campanhas eleitorais e do seu passado pós 25 de Abril de militante maoísta, no entanto, justiça lhe seja feita, adaptou-se sem descartar as suas convicções ao contrário de outros como Durão Barroso ou Pacheco Pereira, pequeno-burgueses de origem, fizeram o percurso tradicional: revolucionários na juventude e conservadores na maturidade. Até parece que ser-se revolucionário é sinónimo de imaturidade, bem, pelo menos na cabeças daqueles senhores é.

É minha convicção que não são valorizadas nos candidatos presidenciais as suas ideias e convicções, mas muito mais os mitos e aparelhos partidários que estão por trás deles, por isso o voto é muitas vezes eivado de preconceito, consciente ou inconscientemente, e nenhum de nós escapa a este estigma. Aqui talvez o candidato que escape mais a esta análise deva ser Manuel Alegre, mas nem ele está livre desse julgamento preconceituoso.

E agora para encerrar que este post já vai longo. Na campanha poucas ideias têm sido discutidas, pois para além de ataques pessoais, mais ou menos dramáticos, ou de um ou outro assunto, que por variadas razões se encontra na ordem do dia, não se fala do desemprego, da justiça, das forças armadas, fiscalidade, etc.

Uma nota também muito negativa em relação ao PS. Ao envolver-se demasiado na campanha ao lado do seu candidato, está a fechar portas e a abrir brechas de instabilidade governativa (não é que não a mereça) caso o candidato eleito seja outro e não aquele que tão fervorosamente apoiam.

Por fim, apesar do voto ser secreto, quero deixar claras as minhas opções. Estou convencido de que o País precisa de uma segunda volta, para que a escolha do Presidente da República seja clara e não um mero artifício. Só com uma segunda volta os candidatos serão confrontados e se confrontarão com os reais problemas do País e não ficarão à espera que os jornalistas lhes façam as perguntas às quais não querem responder, mas que agora serão obrigados a fazê-lo, pois um deles será Presidente. Estou convencido que passarão à segunda volta o candidato da direita Cavaco Silva (crónica de uma vitória, ou semi-vitória anunciada ou fabricada) e o candidato da esquerda Manuel Alegre, por isso votarei Francisco Louçã na primeira volta e Manuel Alegre na segunda, caso seja este o candidato de esquerda. No entanto admito, sem qualquer relutância, alterar logo à primeira volta o meu sentido de voto, neste sentido a minha opção poderá ser logo à partida o voto em Manuel Alegre, para tanto basta, que durante a semana que vai decorrer, fique convencido que o candidato da utopia precise de todos os votos para passar à segunda. Neste caso o meu voto será, logo à primeira, Manuel Alegre.

Já aqui afirmei em artigo anterior que, caso a segunda volta seja entre Cavaco Silva e Mário Soares, não votarei em nenhum e, neste cenário o meu voto será branco ou nulo. Podem acusar-me de não ter cultura de esquerda, mas sapos já engoli uma vez e apanhei uma indigestão, por isso sapos nunca mais.

NOTA: A ordem porque são apresentados os candidatos não tem qualquer significado valorativo dos mesmos.

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