sábado, outubro 23, 2004

Para Sempre

Muito cedo, perdi o medo, revirei as estrelas
que faziam parte da minha canção de criança
da recordação tornada herança
perdi as Fadas, os Anões e as Sereias
e entendi que no espelho há mais belos do que eu
Romeu e Julieta não são um exemplo são
e as arcas dos templos estão perdidas...

muito cedo, deixei suspensas as crenças
que comandavam parte da minha razão
e da razão falsa do cinema de criança
guardei perverso uma outra lição
entendi que mesmo sem a Bela Adormecida
posso ser Príncipe e transformar alguém Valente
que não tema relembrar
os contos perdidos, para sempre...

muito cedo, deixei-te ver a minha paixão
e todo o calor da minha mão em chamas
esqueci-me do Dragão na guarda do castelo
da Bruxa e seu veneno
e entendi que na magia dum final feliz
eu era ainda um Feiticeiro aprendiz
dos contos de uma vida, para sempre...
perdidos para sempre

Quem nos criou debaixo de fadas
quem revelou histórias raras
quem nos juntou nas almofadas
quem nos prendeu em noite claras

Hélder Gonçalves, lusoQUALQUERcoisa


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