segunda-feira, dezembro 13, 2004

Animais Políticos

Tenho-me mantido à margem da actual conjuntura política, isto é, tenho estado mais a observar do que a opinar, no entanto a situação é grave e o País arrisca-se a mergulhar numa crise estrutural da qual, sem uma nova mentalidade, dificilmente se libertará.

No entanto não me apetece escrever um artigo de análise sério e opinativo, a casta política de que dispomos não me dá a seriedade nem a serenidade necessárias para tratar o assunto seriamente.

Optei por um artigo irónico, se para tanto me ajudarem o engenho e arte (momento cultural), com a ressalva de não pretender ofender ninguém, muito menos os animais (eles mesmo) que servem de comparação. Ofendido com artigos deste género, só se pode sentir quem, por estupidez, não tenha maleabilidade suficiente para esboçar um encolher de ombros e passar a outro assunto, ou quem se sinta, de facto, retratado nas caricaturas aqui apresentadas. Muito menos pretendo atingir as instituções democráticas do País, embora ache que elas não estão para lá da crítica, e não só os que, por delegação popular expressa através do voto, estão, de momento, confundidos com essas mesmas instituições.

Na presente conjuntura acho que os principais responsáveis, e por uma ordem que não é de todo arbitrária, são Jorge Sampaio, Durão Barroso, Santana Lopes e Paulo Portas. Evidentemente que aqueles que lêem com alguma regularidade este blog sabem que, dos quatro, aquele com quem terei mais afinidades políticas é o presidente Jorge Sampaio e, por isso mesmo, sou mais crítico em relação a ele.

Depois desta longa introdução vamos lá às caricaturas, desafiando desde já os leitores a deixarem as suas próprias caricaturas destes ou de outros membros da casta política. Comecemos então e, para já, só para os quatro supracitados.


Jorge Sampaio, a avestruz

Durão Barroso, a raposa ou o amigo da onça (o cherne já está mais que estafado)

Santana Lopes, o pato, mas também poderia ser carapau de corrida

Paulo Portas, fuínha ou toupeira


A avestruz justifica-se porque o visado parece andar um pouco perdido, tendo desperdiçado a ocasião de fazer o que devia na altura certa, mesmo que estejemos sempre a tempo de emendar a mão, o certo é que daqui saiu uma grande embrulhada de que ninguém entende nada, muito menos as justificações, quando elas até seriam fáceis de dar. Da inabilidade actual resulta objectivamente uma ajuda preciosa a Santana Lopes dando-lhe os argumentos que precisa para, tal qual qualquer bebé chorão, sustentar a tese da vitimização.

A raposa justifica-se porque foi ele que abriu esta crise refugiando-se no gordo galinheiro da UE, tendo convencido os Portugueses que a sua nomeação ou eleição para Presidente da Comissão Europeia seria um cargo de alta relevância para o País. Como se viu chumbou o negócio da fusão do gás com a electricidade o que, enquanto Primeiro-Ministro, considerava de importância estratégica para o País. Ora cá está o amigo da onça.

O pato, fala, fala, fala e não diz nada, daí que este pato, por artes de transformismo, varie constantemente entre o inábil pato fora de água e o carapau de corrida dentro de água.

Finalmente a fuínha ou a toupeira, porque é subterrâneo e calculista, digo mesmo que, para mim é a eminência parda do regime, é um Richelieu sem estatura de Homem de Estado, mas é o único que tem uma estratégia definida.

Neste quadro não posso desculpar Jorge Sampaio por não ter demitido o Governo e dissolvido o Parlamento aquando da demissão de Durão Barroso. Para quê dar uma oportunidade a quem já se sabia de antemão que não tinha, não tem, estofo de estadista? A situação agora criada vai afastar ainda mais os Portugueses das suas responsabilidades de cidadania e aumentar o número de abstenções e votos brancos ou nulos nas próximas eleições. Não será esta a estratégia de alguns políticos? Só o futuro o dirá.

Não creio que a repetição da actual maioria em futuras eleições traga algo de novo ou de bom ao País, mas o povo é soberano e essa será a única opinião que todos temos obrigação de realmente respeitar, sem estarmos sempre a dizer que respeitamos as instituições do País. É que quando repetimos muitas vezes a mesma coisa isso reflecte, da parte de quem profere tais afirmações, exactamente o contrário.

Qual será o resultado das próximas eleições de Fevereiro? Não sei. Só sei que já nada me surpreende, nos EUA também George Bush foi reeleito. Só espero que, qualquer que seja o resultado, não vingue a estratégia do quanto pior melhor e que quem quer que venha a sair vencedor o seja de forma clara e que os valores da abstenção baixem significativamente para dar credebilidade ao próximo Governo, mesmo que não seja aquele de que nós gostaríamos.



|