sexta-feira, dezembro 10, 2004

Sem Freio

Como garranos num prado
como crianças no recreio
sem culpa sem pecado
sem decoro nem asseio

como cometas lustrosos
numa overdose de luz
como dois cristos formosos
juntos e ao vivo na cruz


fomos amantes sem freio
na curva dos dias
derrapando sem receio
na triste curva dos dias

como um poente na praia
em queda livre de Outono
como o dançarino da noite
cheio de fumo e de sono

como o sonho adolescente
que embate no mar real
ao ver a paixão ardente
perder-se no areal

fomos amantes sem freio
na curva dos dias
derrapando sem receio
na triste curva dos dias

como o acto teatral
da peça que tudo diz
um Shakespeare total
onde ninguém fixa infeliz

porque o amor se cansou
acabar é então o preço
só a tragédia é bonita
só ela traz outro começo

fomos amantes sem freio
na curva dos dias
derrapando sem receio
na triste curva dos dias

Carlos Tê, Kazoo

1 Comments:

Blogger Pecola said...

E o mundo gira.. e nós, para onde vamos? Ficamos?

12/11/2004 1:22 da tarde  

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