Caos no Ensino Público
Este artigo saiu inicialmente no Cucamacuca, que é um blog mais vocacionado para os assuntos ligados ao ensino e à educação. Pareceu-me que seria interessante partilhar esta minha rápida e até pouco cuidada reflexão, com um público mais diversificado, daí ter optado por publicá-lo aqui também.
Eis então o artigo:
Nada me move contra o ensino privado. Quem quiser e sobretudo, quem tiver meios económicos, pode perfeitamente optar pelo ensino privado, quantas mais alternativas houver melhor, o que condeno é que se queira fazer crescer um à custa da desvalorização do outro.
O novo ano escolar deveria iniciar-se hoje na esmagadora maioria das escolas públicas. Ora a realidade é, como todos sabem, bem diferente. Até mesmo nas escolas das cidades de Lisboa e Porto, onde a população escolar tem vindo a baixar e, por isso, o número de vagas positivas tem vindo a diminuir, o quadro de professores é estável e maioritariamente envelhecido, há falta, nalguns casos significativa, de professores, mas onde o problema atinge maior gravidade é na periferia das grandes cidades e no interior do país, onde os valores podem atingir ou mesmo ultrapassar os 50%.
Perante este quadro de sucessivo adiamento da colocação de professores, reparem que estamos a falar de professores, isto é de docentes que estão já no sistema e que pertencem, no pior dos casos ao quadro de zona pedagógica, faltando ainda colocar um número significativo de professores provisórios, ou candidatos a professores, para preencher as vagas que mesmo depois da colocação dos efectivos subsiste, o Ministério continua a afirmar que a maioria das escolas entrarão em funcionamento entre 16 e 23 de Setembro.
Pois é, até directamente ou através das DRE's, o Ministério pressiona os Conselhos Executivos para abrir naquele prazo sem ter em atenção o número significativo de professores em falta, a planificação do novo ano que não se fez porque em todos os departamentos faltam professores em percentagens muito elevadas e assim o trabalho de equipa e de planificação e preparação do novo ano lectivo fica hipotecado.
O trabalho do professor não se limita aos respectivos tempos lectivos. Há toda uma diversidade de tarefas que são necessárias ao bom funcionamento da escola que ultrapassam em muito os tempos lectivos.
Evidentemente que há maus professores, que não levam a sério a sua profissão, umas vezes por formação, outras por deformação e ainda outras devido ao desgaste e às situações de stress constantes a que está sujeito o professor. Umas têm justificação, outras não, mas o que é necessário combater é a tendência que todos temos para a generalização a partir do mau em vez do bom. É certo que não devemos utilizar a generalização, seja em que circunstâncias for, mas há que valorizar a nossa profissão, apostar no que se esforça apesar das condições de trabalho a que está sujeito e penalizar o que abusa, mas aqui como em qualquer função o problema não está no que não trabalha, mas sim naqueles que, tendo a responsabilidade de pôr o sistema a funcionar em condições, não cumprem as suas obrigações e responsabilidades.
Onde estão os responsáveis do anterior governo que iniciaram este caos? Foram responsabilizados pelo mau funcionamento das colocações e pela falta de apoios ao sistema educativo? E os actuais responsáveis onde vão estar depois de abandonarem os cargos que ocupam agora? Vão ser responsabilizados pelo seu mau trabalho? Não será verdade que uns e outros encontrarão sempre um qualquer bode expiatório para aligeirarem as suas responsabilidades?
É altura dos professores serem exigentes nas suas escolas e não permitirem que sejam usados constantemente. Não devem possibilitar que se mascare a abertura do ano lectivo com manobras fictícias só para estatisticamente o Ministério dizer que afinal abriram não sei quantas escolas. Mas em que condições? Não interessa saber? E os professores que foram deslocados 200, 300, 400 ou mais quilómetros e ainda têm de arranjar alojamento? E como ficam as famílias dos professores? E quando o casal é constituído por professores e um é colocado no norte e outro no sul e depois têm que pagar duas rendas de casa mais a prestação da sua residência habitual? E se ainda por cima têm filhos e estes têm que ser separados ficando um(s) com o pai e outro(s) com a mãe para que nenhum fique sobrecarregado e consiga fazer o seu trabalho com um mínimo de dignidade? Quantas mais perguntas poderiam continuar indefinidamente a surgir para esbarrarem sempre com a mesma parede de silêncio e incompetência.
Basta!
É que de palavras estamos fartos. Já chega de patos donais que falam, falam sem cessar, mas ninguém entende nada do que dizem, porque o seu discurso é vazio. Se o Ministério da Educação é responsável pelo caos, o governo e o seu máximo representante não o são menos, porque aos problemas respondem com autismo, inoperância, silêncio, incapacidade e incompetência.
Basta!
Para concluir só gostaria de deixar claro que este artigo foi escrito de uma penada sem o pensar maduramente, no entanto a reflexão aborda alguns aspectos importantes que podem permitir lançar uma discussão sobre o assunto e, então sim, ir burilando algumas ideias que aqui só ficaram apontadas.
Eis então o artigo:
Nada me move contra o ensino privado. Quem quiser e sobretudo, quem tiver meios económicos, pode perfeitamente optar pelo ensino privado, quantas mais alternativas houver melhor, o que condeno é que se queira fazer crescer um à custa da desvalorização do outro.
O novo ano escolar deveria iniciar-se hoje na esmagadora maioria das escolas públicas. Ora a realidade é, como todos sabem, bem diferente. Até mesmo nas escolas das cidades de Lisboa e Porto, onde a população escolar tem vindo a baixar e, por isso, o número de vagas positivas tem vindo a diminuir, o quadro de professores é estável e maioritariamente envelhecido, há falta, nalguns casos significativa, de professores, mas onde o problema atinge maior gravidade é na periferia das grandes cidades e no interior do país, onde os valores podem atingir ou mesmo ultrapassar os 50%.
Perante este quadro de sucessivo adiamento da colocação de professores, reparem que estamos a falar de professores, isto é de docentes que estão já no sistema e que pertencem, no pior dos casos ao quadro de zona pedagógica, faltando ainda colocar um número significativo de professores provisórios, ou candidatos a professores, para preencher as vagas que mesmo depois da colocação dos efectivos subsiste, o Ministério continua a afirmar que a maioria das escolas entrarão em funcionamento entre 16 e 23 de Setembro.
Pois é, até directamente ou através das DRE's, o Ministério pressiona os Conselhos Executivos para abrir naquele prazo sem ter em atenção o número significativo de professores em falta, a planificação do novo ano que não se fez porque em todos os departamentos faltam professores em percentagens muito elevadas e assim o trabalho de equipa e de planificação e preparação do novo ano lectivo fica hipotecado.
O trabalho do professor não se limita aos respectivos tempos lectivos. Há toda uma diversidade de tarefas que são necessárias ao bom funcionamento da escola que ultrapassam em muito os tempos lectivos.
Evidentemente que há maus professores, que não levam a sério a sua profissão, umas vezes por formação, outras por deformação e ainda outras devido ao desgaste e às situações de stress constantes a que está sujeito o professor. Umas têm justificação, outras não, mas o que é necessário combater é a tendência que todos temos para a generalização a partir do mau em vez do bom. É certo que não devemos utilizar a generalização, seja em que circunstâncias for, mas há que valorizar a nossa profissão, apostar no que se esforça apesar das condições de trabalho a que está sujeito e penalizar o que abusa, mas aqui como em qualquer função o problema não está no que não trabalha, mas sim naqueles que, tendo a responsabilidade de pôr o sistema a funcionar em condições, não cumprem as suas obrigações e responsabilidades.
Onde estão os responsáveis do anterior governo que iniciaram este caos? Foram responsabilizados pelo mau funcionamento das colocações e pela falta de apoios ao sistema educativo? E os actuais responsáveis onde vão estar depois de abandonarem os cargos que ocupam agora? Vão ser responsabilizados pelo seu mau trabalho? Não será verdade que uns e outros encontrarão sempre um qualquer bode expiatório para aligeirarem as suas responsabilidades?
É altura dos professores serem exigentes nas suas escolas e não permitirem que sejam usados constantemente. Não devem possibilitar que se mascare a abertura do ano lectivo com manobras fictícias só para estatisticamente o Ministério dizer que afinal abriram não sei quantas escolas. Mas em que condições? Não interessa saber? E os professores que foram deslocados 200, 300, 400 ou mais quilómetros e ainda têm de arranjar alojamento? E como ficam as famílias dos professores? E quando o casal é constituído por professores e um é colocado no norte e outro no sul e depois têm que pagar duas rendas de casa mais a prestação da sua residência habitual? E se ainda por cima têm filhos e estes têm que ser separados ficando um(s) com o pai e outro(s) com a mãe para que nenhum fique sobrecarregado e consiga fazer o seu trabalho com um mínimo de dignidade? Quantas mais perguntas poderiam continuar indefinidamente a surgir para esbarrarem sempre com a mesma parede de silêncio e incompetência.
Basta!
É que de palavras estamos fartos. Já chega de patos donais que falam, falam sem cessar, mas ninguém entende nada do que dizem, porque o seu discurso é vazio. Se o Ministério da Educação é responsável pelo caos, o governo e o seu máximo representante não o são menos, porque aos problemas respondem com autismo, inoperância, silêncio, incapacidade e incompetência.
Basta!
Para concluir só gostaria de deixar claro que este artigo foi escrito de uma penada sem o pensar maduramente, no entanto a reflexão aborda alguns aspectos importantes que podem permitir lançar uma discussão sobre o assunto e, então sim, ir burilando algumas ideias que aqui só ficaram apontadas.
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