quarta-feira, dezembro 29, 2004

Deus é um Terrorista

A provocação foi inicialmente lançada no Atrás da Orelha, mas se há blog mais indicado para provocações e/ou acusações, é este, por isso transcrevi o artigo para cá.

Então cá vai ele:

"Depois da catástrofe do sudoeste asiático em que um terramoto seguido de um maremoto dizimou mais de 100.000 seres humanos, sendo a esmagadora maioria deles pobres, com um modo de vida miserável e sem grandes expectativas quanto ao seu futuro, apanhando na enxurrada algumas centenas de ricos, na maioria europeus, australianos ou norte-americanos em gozo de férias, e já agora um ou outro pedófilo que proliferam por aquelas zonas acompanhados dos respectivos proxenetas locais. Para que não restem dúvidas não pretendo discriminar ninguém, muito menos as vítimas, mas se faço esta referência é porque me parece que os órgãos de comunicação social ocidentais parecem valorizar mais os seus mortos do que as dezenas de milhares de vítimas locais. Se estiver enganado peço desculpa, pois vítimas são todos independentemente da sua condição.

Como os crentes costumam responder nestas situações, seja qual for a sua religião, são insondáveis os caminhos de deus. Eu, que não sou crente, perante tamanha devastação só posso concluir que não há qualquer deus que possa castigar assim os que nele acreditam, ou até mesmo os que não acreditam. E das duas uma, ou de facto não existe qualquer deus, como estou convencido, ou então deus é um terrorista maior do que qualquer mísero bin Laden, com recursos muito maiores e um poder discricionário que não está ao alcance de qualquer facínora, por mais cruel e repugnante que possa ser.

De todos os terroristas conhecidos da Humanidade, deus é o maior de todos, até quando são os homens a fazer as acções terroristas. Mesmo aí, na maior parte dos casos, fazem-no em nome de deus."

2 Comments:

Blogger Biranta said...

Nesta altura deve estar Deus (seja lá isso o que for) a queixar-se de "tanta facada nas costas", tanta traição.
Esta é uma das "situações" em que há quem "teime em deixar nas mãos de Deus" coisas que Deus "teima em deixar nas mãos dos homens" e faz muito bem, como qualquer Deus que se preze.
Isto para dizer que as patifarias, cometidas em nome de Deus, não são senão "facadas nas costas do próprio Deus". Quanto aos fenómenos da natureza, do nosso "habitat", talvez seja bom que os responsáveis pelo mundo não teimem em se tornar os principais suspeitos destas desgraças, devido aos "maus trato" que teimam em infligir ao planeta.
Por outro lado, nesta tragédia, podemos dizer, com verdade, que a ignorância, a cretinice, a incompetência e a arrogância mataram muito mais do que a própria natureza. Não esqueçamos que os americanos e os japoneses souberam uma hora antes, em relação à Ásia e várias horas antes, em relação a África. Além disso, uma única criança inglesa, esclarecida, conseguiu, com apenas alguns minutos de avanço, salvar a vida de mais de cem pessoas. O que não teria sido possível fazer uma hora antes? Afinal, a "natureza", até avisou!
E a assistência pós-tragédia? Porque é que a sociedade não funciona de modo organizado e esclarecido que permita prestar a assistência necessária, atempadamente? Porque é que as pessoas têm de ficar à espera dos "profissionais da assistência"? Eu sei: porque, lá como cá, "alguém" decidiu que somos todos estúpidos (e somos: consentimos que sejam estes imbecis a governar). Finalmente, a pergunta que me atormente: e se fosse cá? Eu sei, seria tal e qual como no caso dos incêndios, que todos os anos se transformam numa calamidade perfeitamente evitável. Com isto tudo até já me doi a cabeça e me deu a angústia! Por isso, vou ficar por aqui... (e rezar uma oração. Não para resolver, ou evitar estes problemas, porque nisso, de nada vale rezar).

1/05/2005 9:41 da tarde  
Blogger Mário Monteiro said...

Biranta é evidente que tens razão, a estupidez humana potencia sempre o terrorismo divino, ou vice -versa para os crentes.
Mas voltando à tua questão o grande problema é que com os meios de que dispõe hoje em dia, desde que houvesse um pouco de inteligência poder-se-ia diminuir consideravelmente as consequências do tsunami.
Lembro-te que Portugal não está livre de uma catástrofe deste tipo, sobretudo a costa algarvia e a zona de Lisboa, para tua informação em 1755 a população de Lisboa era consideravelmente menor do que a de hoje (não deveria ultrapassar os 70 a 80 mil habitantes) e calcula-se que o número de mortos terá chegado perto dos 20 mil.
Nem quero pensar no que aconteceria hoje (e não estamos livres desses perigo) quando a população da área metropolitana de Lisboa ronda os 3 milhões, enquanto os políticos e os responáveis pela protecção civil andam entretidos em discutir o sexo dos anjos... Abraço.

1/06/2005 10:07 da manhã  

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