segunda-feira, maio 02, 2005

1º de Maio no Porto

Celebrou-se ontem mais um 1º de Maio no Porto. Contudo, este não foi um 1º de Maio igual aos outros.

O local, o de sempre. As comemorações da CGTP foram uma vez mais na Avenida dos Aliados. A estas comemorações juntou-se o Bloco de Esquerda tal como tem feito desde a sua origem. A diferença, está no acolhimento que o BE teve. Diga-se de passagem que a reacção nunca foi boa e sempre tivemos vozes dissonantes impugnando a nossa presença, mas o que se passou ontem ultrapassou todos os limites.

Começou logo no início do desfile, quando um carro de som se atirou para cima de alguns manifestantes do BE que caem em cima do capô da carrinha. Os ânimos exaltaram-se e houve tentativas de agressão de parte a parte. Durante o desfile, o habitual, colavam-se à nossa faixa, atrasando-nos o passo e tentando gritar palavras de ordem mais alto que nós. Tal como nos anos anteriores o Bloco tentou trazer dinamismo e alegria ao 1º de Maio, gritando palavras de ordem próprias, dançando, etc... Os manifestantes dos sindicatos que nos precediam no cortejo fizeram queixa à organização de que estariamos a provocar. Sabem o que argumentaram? Que não estavamos a dizer o que estava no papel. Como se fossemos obrigados a alinhar junto da carneirada. Aí, a organização esteve bem: "Mas tu não estás de acordo com o que dizem?" "Pacote Laboral - Revogação Já" ou "Europa Sim, Tratado Não, Direitos Sociais na nova Constituição".

Entretanto um amigo meu era surpreendido por tirar fotografias. Perguntaram-lhe se estava autorizado e se as fotos eram para o Bloco. Autorizado?! A tirar fotos na via pública?!

Não percebo o que se passa com o PCP, ou se calhar até percebo... Mas é triste.

O Bloco veio trazer mais esquerda à esquerda. Existem neste momento mais 8 deputados do que há uns anos atrás e o PCP não tem perdido deputados. Há mais e melhor esquerda, então porquê estas atitudes? Por não queremos coligações no Porto? Como o poderiamos querer com um PCP que foi braço direito do Rui Rio nos últimos 4 anos? Como poderiamos ser com um PCP que é contra a limitação de mandatos? Com um PCP que se abstenham na votação da lei do aborto porque pensa que a sua verdade é a única verdade e que portanto não tem de haver referendo? Nunca devia ter havido, mas depois de 98 a única maneira credível de o fazer é com um novo referendo. Por muito que se discordo, é a oportunidade que sem tem agora para resolver o problema e o PCP pôs-se de fora. Têm medo de perder o referendo? Eu também, mas quero ganhá-lo!!!
Camaradas, vocês não são nossos adversários. Ponham isso na cabeça de uma vez por todas.


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