quinta-feira, setembro 16, 2004

Canta sempre sem parar, ó Zeca!

"Zeca Afonso era um símbolo. Também na coerência: nunca se aproximou do poder, nunca deixou de ser quem era, revolucionário de corpo e alma. Sempre disponível para a solidariedade, gastou a voz por esse país fora, em aldeias onde era pago, na melhor das hipóteses, com galinhas. Recusou condecorações e compensações que lhe teriam dado desafogo económico. Visitava Otelo na prisão, enquanto se podia mover. Disse sempre da sua justiça em eleições e lutas políticas. Sempre à esquerda. Exemplo digno de coerências, quando a vida é dos carreiristas, a hora é do cinismo, a desesperança é cultivada com virtude, quando os "vampiros" são readmitidos na cidadania - lá estava, do outro lado."


Francisco Louçã, in Herança Tricolor, 1989


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