Revolta
Todos nós temos o direito à indignação, eu acrescento que, para além do direito, temos o dever de a usar sempre que algo é suficientemente grave e interfere com os valores da ética e da cidadania.
É este direito à indignação que, os que escrevem aqui no ACUSO!, cada qual à sua maneira, tenta fazer prevalecer.
Na minha modesta opinião perante o que vimos a assistir nas últimas décadas quer em Portugal, quer no Mundo, o direito à indignação parece já não ser suficiente. E não é suficiente porque os alvos dessa indignação parecem todos sofrer da mesma doença: autismo agudo com evolução e agravamento para crónico. Daí que estejamos à beira de ver transformar este caldo de culturas numa mistura altamente explosiva e destrutiva.
Neste sentido o direito à indignação está a transformar, ou pode (será que não deverá), transformar-se em direito à revolta.
Dos EUA ao Iraque, da Indonésia ao Afeganistão, de Cuba à Coreia, de Israel à Palestina, do Sudão à Venezuela, da Europa à África, da Ásia à América, de Este a Oeste e de Norte a Sul, alastram as ondas de intolerância, fundamentalismo, demagogia e dogmatismo.
Portugal não foge à regra:
Um Primeiro-Ministro que, perante a adversidade de um resultado eleitoral menos favorável, promete repensar e rever o que terá eventualmente feito mal e, no dia seguinte, foge para um exílio dourado na União Europeia. Esta fuga dos Primeiros-Ministros começa a banalizar-se, a diferença é que o outro recusou cozinhar um governo e este até teve ajudante de cozinha, o Presidente.
Um Ministro das Finanças, um tal de "Latão" Félix, perdão, Bagão Félix, que orgulhoso de ter inventado a roda, vai à televisão partilhar com todos os Portugueses o génio da sua descoberta. O País está em crise e é preciso gastar menos do que o que se produz. Apresenta umas contas de merceeiro e encontra como solução o princípio do consumidor pagador. Estás doente, então pagas segundo os teus rendimentos, tens que utilizar as estradas, então pagas, não recebes aumentos ou recebes muito pouco ou vais para o desemprego, mas a culpa da crise é tua e tens de trabalhar mais. Isto dito desta maneira até parece ter alguma lógica e tem, tem a lógica da demagogia. Pega-se em meias verdades faz-se sondagens de opinião e diz-se aquilo que largos sectores da sociedade portuguesa querem ouvir, não porque reflictam sobre os assuntos, mas porque não têm sequer capacidade de reflectir sobre eles, porque não lhes foi facultado um ensino de qualidade que lhes permitisse formarem-se como cidadãos cumpridores, mas exigentes. Oops. Lá estamos no ensino outra vez. Vamos virar a página.
Como o dito Ministro se limitou a dizer o que toda a gente sabe, esperava-se que dissesse que medidas iria tomar para contrariar a tendência, mas não, nada de novo, tudo igual ao que foi feito anteriormente que até já se vê uma luzinha no fundo do túnel, porque no último trimestre aumentou o consumo. Pergunto: será que os Portugueses começaram a ganhar mais e eu não dei por nada? Será que a inflação e a taxa de desemprego baixaram? Será que a produção industrial aumentou? Será que os estrangeiros que estiveram cá durante o Euro 2004 utilizaram os serviços portugueses? Quem quer adivinhar a(s) resposta(s) certa(s)?
É verdade, as nossas exportações aumentaram 8%, fantástico, não, não é ironia, é mesmo fantástico, o pior é que no mesmo período as importações aumentaram 10%.
Se todos os que utilizarem as SCUT pagarem, o Estado poupa uns milhões e está o problema resolvido. Mas as SCUT foram feitas para quê? Não foi para promover a instalação de indústrias e promover a fixação de população nas regiões deprimidas? Então vamos começar a pagá-las sem primeiro fazer uma avaliação dos resultados? E se eles tiverem sido positivos? As empresas que se fixaram nesses locais, que criaram postos de trabalho, vão fechar as portas, porque não têm condições para pagar os custos, porque alguém alterou as regras a meio do jogo só para a sua equipa vencer, mesmo que seja com o recurso à batota. E as vias alternativas às SCUT, onde estão? No litoral é simples, podem sempre deslocar-se pelo areal, pelo menos onde houver, mas e no interior? Será que vai haver subsídios para a compra de carros todo-o-terreno?
Claro, é preciso trabalhar mais e, preferencialmente, ganhar menos, os trabalhadores por conta de outrém, entenda-se. Não sabem quem são? Então são aqueles que pagam os impostos e que provavelmente vão pagar mais impostos, digo eu, não sei, que eu sou completamente leigo e estou para aqui só a desabafar. Então os outros, não há exigências? Há pois, agora é a minha vez de ser um bocadinho demagogo, mas não resisti, despede-se e dá-se reformas altíssimas, então não é verdade que ainda existe uma margem de manobra animadora? Parece que os descontos dos trabalhadores por conta de outrém ainda conseguem pagar a 80% dos reformados, ora até chegar aos 100 ainda há uma relativamente segura margem de manobra. Depois, prontos, põe-se uns amigalhaços lá num cargo importante qualquer, de preferência uns quantos a fazer a mesma coisa que é para criar mais confusão. A páginas tantas dá-se um murro na mesa, despede-se os tipos e dá-se-lhes uma reforma porreira. Ano e meio de emprego, reparem que eu disse emprego em vez de trabalho (podem pegar por aí porque é mais uma pequena manobra demagógica, é que isto da demagogia é divertido e eu também gosto de me divertir um pouco, quando não estou a trabalhar, que o trabalho é coisa muito séria).
É este direito à indignação que, os que escrevem aqui no ACUSO!, cada qual à sua maneira, tenta fazer prevalecer.
Na minha modesta opinião perante o que vimos a assistir nas últimas décadas quer em Portugal, quer no Mundo, o direito à indignação parece já não ser suficiente. E não é suficiente porque os alvos dessa indignação parecem todos sofrer da mesma doença: autismo agudo com evolução e agravamento para crónico. Daí que estejamos à beira de ver transformar este caldo de culturas numa mistura altamente explosiva e destrutiva.
Neste sentido o direito à indignação está a transformar, ou pode (será que não deverá), transformar-se em direito à revolta.
Dos EUA ao Iraque, da Indonésia ao Afeganistão, de Cuba à Coreia, de Israel à Palestina, do Sudão à Venezuela, da Europa à África, da Ásia à América, de Este a Oeste e de Norte a Sul, alastram as ondas de intolerância, fundamentalismo, demagogia e dogmatismo.
Portugal não foge à regra:
Um Primeiro-Ministro que, perante a adversidade de um resultado eleitoral menos favorável, promete repensar e rever o que terá eventualmente feito mal e, no dia seguinte, foge para um exílio dourado na União Europeia. Esta fuga dos Primeiros-Ministros começa a banalizar-se, a diferença é que o outro recusou cozinhar um governo e este até teve ajudante de cozinha, o Presidente.
Um Ministro das Finanças, um tal de "Latão" Félix, perdão, Bagão Félix, que orgulhoso de ter inventado a roda, vai à televisão partilhar com todos os Portugueses o génio da sua descoberta. O País está em crise e é preciso gastar menos do que o que se produz. Apresenta umas contas de merceeiro e encontra como solução o princípio do consumidor pagador. Estás doente, então pagas segundo os teus rendimentos, tens que utilizar as estradas, então pagas, não recebes aumentos ou recebes muito pouco ou vais para o desemprego, mas a culpa da crise é tua e tens de trabalhar mais. Isto dito desta maneira até parece ter alguma lógica e tem, tem a lógica da demagogia. Pega-se em meias verdades faz-se sondagens de opinião e diz-se aquilo que largos sectores da sociedade portuguesa querem ouvir, não porque reflictam sobre os assuntos, mas porque não têm sequer capacidade de reflectir sobre eles, porque não lhes foi facultado um ensino de qualidade que lhes permitisse formarem-se como cidadãos cumpridores, mas exigentes. Oops. Lá estamos no ensino outra vez. Vamos virar a página.
Como o dito Ministro se limitou a dizer o que toda a gente sabe, esperava-se que dissesse que medidas iria tomar para contrariar a tendência, mas não, nada de novo, tudo igual ao que foi feito anteriormente que até já se vê uma luzinha no fundo do túnel, porque no último trimestre aumentou o consumo. Pergunto: será que os Portugueses começaram a ganhar mais e eu não dei por nada? Será que a inflação e a taxa de desemprego baixaram? Será que a produção industrial aumentou? Será que os estrangeiros que estiveram cá durante o Euro 2004 utilizaram os serviços portugueses? Quem quer adivinhar a(s) resposta(s) certa(s)?
É verdade, as nossas exportações aumentaram 8%, fantástico, não, não é ironia, é mesmo fantástico, o pior é que no mesmo período as importações aumentaram 10%.
Se todos os que utilizarem as SCUT pagarem, o Estado poupa uns milhões e está o problema resolvido. Mas as SCUT foram feitas para quê? Não foi para promover a instalação de indústrias e promover a fixação de população nas regiões deprimidas? Então vamos começar a pagá-las sem primeiro fazer uma avaliação dos resultados? E se eles tiverem sido positivos? As empresas que se fixaram nesses locais, que criaram postos de trabalho, vão fechar as portas, porque não têm condições para pagar os custos, porque alguém alterou as regras a meio do jogo só para a sua equipa vencer, mesmo que seja com o recurso à batota. E as vias alternativas às SCUT, onde estão? No litoral é simples, podem sempre deslocar-se pelo areal, pelo menos onde houver, mas e no interior? Será que vai haver subsídios para a compra de carros todo-o-terreno?
Claro, é preciso trabalhar mais e, preferencialmente, ganhar menos, os trabalhadores por conta de outrém, entenda-se. Não sabem quem são? Então são aqueles que pagam os impostos e que provavelmente vão pagar mais impostos, digo eu, não sei, que eu sou completamente leigo e estou para aqui só a desabafar. Então os outros, não há exigências? Há pois, agora é a minha vez de ser um bocadinho demagogo, mas não resisti, despede-se e dá-se reformas altíssimas, então não é verdade que ainda existe uma margem de manobra animadora? Parece que os descontos dos trabalhadores por conta de outrém ainda conseguem pagar a 80% dos reformados, ora até chegar aos 100 ainda há uma relativamente segura margem de manobra. Depois, prontos, põe-se uns amigalhaços lá num cargo importante qualquer, de preferência uns quantos a fazer a mesma coisa que é para criar mais confusão. A páginas tantas dá-se um murro na mesa, despede-se os tipos e dá-se-lhes uma reforma porreira. Ano e meio de emprego, reparem que eu disse emprego em vez de trabalho (podem pegar por aí porque é mais uma pequena manobra demagógica, é que isto da demagogia é divertido e eu também gosto de me divertir um pouco, quando não estou a trabalhar, que o trabalho é coisa muito séria).
Pedro Santana Donald Flopes
(O Grande Timoneiro)
Já estou a ficar cansado, muito mais haveria para dizer, mas como este post já está muito longo, vou mesmo ficar por aqui, pode ser que volte ao tema mais tarde, muitas coisas ficaram por dizer. Ficam sempre coisas por dizer.
Resolvi colocar aqui a imagem do Pedro Santana Donald Flopes. Não sei porquê? Talvez seja um fetiche qualquer. Talvez a minha revolta comece por aqui, por ridicularizar a casta política.
Resolvi colocar aqui a imagem do Pedro Santana Donald Flopes. Não sei porquê? Talvez seja um fetiche qualquer. Talvez a minha revolta comece por aqui, por ridicularizar a casta política.
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