segunda-feira, fevereiro 28, 2005

Million Dollar Baby & Mar Adentro

Acabei de saber que o filme Million Dollar Baby ganhou quatro dos principais Óscares, a saber:

Melhor filme: Million Dollar Baby
Melhor realizador: Clint Eastwood
Melhor actriz: Hilary Swank
Melhor actor secundário: Morgan Freeman

Destaco ainda o Óscar para o melhor filme estrangeiro atribuído ao filme Mar Adentro do espanhol Alejandro Amenabar. Mar Adentro é um filme sobre a vida do galego Ramon Sampedro e a sua luta de 30 anos a favor da eutanásia depois de ter ficado paralizado em consequência de um mergulho.

Desta vez os Óscares foram merecidos, pelo menos nos casos citados.

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sábado, fevereiro 26, 2005

Million Dollar Baby

Na passada quinta-feira fui ver o filme que dá o título a este post.

Não sabia nada sobre o filme, nem sequer o tema, por isso apanhou-me desprevenido e foi uma agradável surpresa. Inicialmente fui ver este filme porque contracenavam dois monstros sagrados da 7.ª Arte: Clint Eastwood e Morgan Freeman e uma actriz que irá muito longe no cinema, Hilary Swank. Quando saí fiquei consciente que os filmes valem muito para lá dos actores, mesmo que estes sejam óptimos.

Confesso que não era grande fã de Clint Eastwood, enquanto jovem actor, mas com o amadurecimento começou a desempenhar papeis mais criteriosos. Comecei a admirar Clint Eastwood, como realizador logo no seu primeiro filme o Imperdoável. Este é um daqueles filmes intemporais e que consigo ver e rever. O Imperdoável é um daqueles filmes imperdíveis.

O que mais me surpreendeu no Million Dollar Baby foi que, com toda a simplicidade, mas sem simplismo, o filme nos pôs a pensar em assuntos tão sérios e tão complexos como o preconceito, a força de vontade, o oportunismo, a maldade, a bondade, as relações inter-pessoais, a contradição, a honestidade, o racismo, a marginalização, o amor, a vida, a morte e evidentemente a eutanásia.

Este vai ser também um filme a rever e que aconselho a todos.

Mo Cuishle!

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quinta-feira, fevereiro 24, 2005

A Indiferença Mata!

A minha amiga Vânia S. mandou-me esta notícia que aproveito para divulgar aqui. É necessário agir para combater a indiferença.




No fim de contas aprovaram a lapidação de Amina

O tribunal Supremo da Nigéria ratificou a sentença de morte por lapidação de AMINA; adiando apenas a lapidação por dois meses para lhe permitir a amamentação da criança.

Terminado este tempo enterrá-la-ão até ao pescoço e matá-la-ão à pedrada, a não ser que uma avalanche de protestos não consiga dissuadir as autoridades nigerianas.

Amnesty International pede o teu apoio através da tua assinatura nas suas páginas web.

Mediante uma campanha como esta salvou-se no passado uma outra mulher, Safiya, que estava na mesma situação. Parece que para AMINA receberam pouquíssimas assinaturas.

Contacta imediatamente:




Não penses que não serve para nada. Salvou a vida de Safiya!

Faz circular esta mensagem entre as pessoas sensíveis a esta horrível ameaça de morte. Fá-lo imediatamente.


Por favor divulguem este post, não sejam indiferentes.

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segunda-feira, fevereiro 21, 2005

Brancos em branco (mais uma vez)!



Longe vão os tempos em que o voto era a "arma do Povo"!

Depois da vergonha que foi esta campanha eleitoral, feita por consultores de imagem para os media, em que os candidatos disseram o que outros acharam que deviam dizer, em que quem não estava representado na AR pura e simplesmente não existiu (porque, como todos sabemos, quem não passa na TV não é "gente" - os tempos de antena obrigatórios passaram muuuuuuuuuuuito discretamente), tivemos a tristeza de ver as coberturas eleitorais em cima dos partidos "principais" como abutres e dos outros... nada!

Pior ainda foi o que (como vai sendo hábito) aconteceu com os votos em branco. Nas televisões (que eu tenha visto) tal expressão não foi sequer referida e, surpresa das surpresas, quando peguei num jornal, adivinhem... népia!

Lá tive que ir ao site da CNE para saber os resultados e, finalmente, lá estavam:
103 555 votos em branco (1,81%).

O voto em branco continua a ser a 1ª "força" política a seguir aos partidos que elegem deputados, a seguir ao BE (6,38%) e à frente do PCTP/MRPP (0,84%)!

Mais: Fazendo as contas à leigo, considerando que o BE elegeu um deputado por cada 45 000 votos (grosso modo), dando mais um pouco de margem, temos que os votos em branco alcançaram o número de votos suficiente para (não)/elegerem 2 (não)/deputados!

Mais de 100 000 pessoas disseram NÃO(!) a TODOS os partidos!

O voto em branco é uma tomada de posição consciente de quem exerce o direito de voto e escolhe uma das opções possíveis e consignadas na lei.

100 000 pessoas não cabem dentro de um táxi! A bem dizer, neste momento não cabem em nenhum recinto desportivo do país!

Fossem os direitos de TODOS os portugueses respeitados e teríamos duas cadeiras vazias na AR.

Melhor ainda: teríamos duas cadeiras ocupadas pelo Zé povinho ostentando um grandecíssimo MANGUITO!!!

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A Esquerda Venceu... E Agora?

A esquerda venceu esmagadoramente as eleições de 20 de Fevereiro. O povo português castigou severamente a demagogia e a irresponsabilidade da direita.

Nós, os que votamos maioritariamente na esquerda, seja ela qual for, exigimos que o novo Governo governe de facto à esquerda, sem demagogia, com responsabilidade e políticas realmente de esquerda, com uma orientação clara e com preocupações sociais.

Esperamos respostas para assuntos como o desemprego, a economia, a justiça (parece que toda a gente se esqueceu da justiça durante a campanha), o ensino, o défice, o sector social, o desenvolvimento da indústria, o aumento das exportações e a diminuição das importações, etc. A ordem é aleatória, mas o combate ao desemprego parece-me ser a prioridade das prioridades, além do mais as políticas de combate ao desemprego passam transversalmente por todos os outros sectores da sociedade portuguesa.

Negativa foi a elevada taxa de abstenção, pois apesar da euforia da sua descida, esta cifrou-se em apenas cerca de 3%, sendo o total da abstenção de 35%. Com uma abstenção tão elevada significa que mais de 2.500.00 portugueses se abstiveram. Ora aqui está também uma nova tarefa para o novo Governo, motivar os portugueses para a cidadania.

Estamos de parabéns? Talvez! Tudo depende da vontade do novo Governo governar de facto à esquerda.

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domingo, fevereiro 20, 2005

Simulações e Projecções

Acabei de chegar a casa depois de ter cumprido o meu dever e direito de votar.

Quando abandonava o local onde exerci o meu direito, dei de caras com dois elementos que se identificaram como estando ao serviço da Universidade Católica para fazer uma projecção das intenções de voto para a RTP. Os tais elementos encontravam-se no exterior de edifício com uma caixa a tiracolo identificada com o símbolo da referida estação de televisão. Perguntaram-me de seguida se tinha votado e se não me importava de simular o meu voto. Disponibilizei-me de imediato para a simulação. A menina entregou-me o boletim de voto, colocou a caixa a servir de secretária, olhou para o lado e eu fiz a minha simulação. Entretanto outras pessoas passavam ao lado.

Não é que faça segredo da minha intenção de voto, mas cientificamente parece-me pouco correcto uma simulação deste tipo, pois deveriam ser criadas condições semelhantes às da câmara de voto, longe de olhares indiscretos.

Apanhado de surpresa participei, mas não o voltarei a fazer em condições semelhantes, porque acho que sondagens, projecções ou estudos feitos nestas condições não são, a meu ver, cientificamente muito correctos, e prestam-se a que alguns cidadãos, que participam aleatoriamente neste tipo de sondagens, se recusem a participar ou adulterem o seu sentido de voto, tirando credibilidade ao estudo.

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Hoje vamos a Votos

Pois é pessoal hoje é dia de eleições, por isso a única mensagem que vos quero deixar é que votem.

Votem no partido ou coligação que mais vos agradar, votem em branco ou votem nulo, mas votem.

Prefiro um voto nos adversários políticos a uma abstenção. A abstenção é a posição típica dos que desistem de si e dos dos seus direitos e deveres. A abstenção é cobarde, a abstenção é a arma dos oportunistas, que gostam de estar bem com todos para atingir os seus fins mesquinhos e pessoais.

A abstenção só é admissível caso haja um motivo de força maior (como doença, por exemplo) que impeça o cidadão de, no dia das eleições, se deslocar à mesa de voto.

Hoje é dia de eleições. Exerçam o vosso direito e dever. Escolham. Votem!

Todos aos votos!

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quinta-feira, fevereiro 17, 2005

Faz toda a diferença

Ao votares PS estás a dar um sinal de mudança. Mas que mudança queres? De caras ou de políticas? Ao votares PS estás a assinar um cheque em branco para que Sócrates faça leis como a de aumentar a idade da reforma.

A CDU não é, obviamente, um adversário. Contudo esta tem-se insurgido argumentando que o BE tem-se adaptado de ideias que o PCP teve primeiro. Primeiro, tal não é verdade. O BE não nasce por obra divina do espírito santo, aliás o divino nada teve com isso. As pessoas que militam agora no BE já existiam e já defendiam as suas ideias noutros movimentos e partidos. O problema do PCP é que sempre foi arrogante e afirmou-se sempre como a única esquerda. Um dos exemplos dados pelo PCP é despenalização do aborto, dizendo que foram os primeiros, quando o primeiro partido a apresentar um projecto pela despenalização do aborto na Assembleia da República foi a UDP (um dos partidos que deu origem ao BE). Em segundo lugar, mesmo que isto tudo fosse verdade e fossem os pioneiros de tudo, qual o problema disso? No BE ficamos satisfeitos quando vemos outros a aproximarem-se das nossas ideias. É bom sinal. É sinal de que não olhamos somente para o nosso umbigo. Não encaramos isso como uma ameça. O PCP pelos vistos sim.

É por isso, que no domingo faz toda a diferença votar Bloco de Esquerda.

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quarta-feira, fevereiro 09, 2005

Porque os outros se mascaram mas tu não...

Quem, como eu, acredita em palavras como liberdade, solidariedade, inquietação; quem, como eu, sente que os anos e anos em que utilizou a ideia do voto útil, se transformaram em anos e anos de inutilidade constante; quem, como eu, sente que a indiferença e o vazio em que vivemos não podem ser o quotidiano da nossa vida; quem, como eu, acredita que é possível ter ideias, discuti-las, influenciar positivamente o desenrolar da história - da nossa história - e ser agente dessa própria história; quem, como eu, não gosta de ver reflectido no olhar dos outros as nossas próprias angústias, o marasmo em que nos transformamos; quem, como eu, não deseja ficar sentado, impávido, a discutir a inutilidade da quinta das celebridades, do perverso mundo do futebol, das degradantes anedotas da sic, a assistir à descaracterização permanente da nossa sociedade e da vida que nela vivemos; quem, como eu, se cansou de tanta inércia e gosta da acção como factor determinante do desenvolvimento, deve assumir uma atitude.

Votar Bloco é, antes de mais, valorizar ideias e projectos; votar Bloco é acreditar que este estado de coisas pode ser mudado; votar Bloco é acreditar que finalmente poderemos utilizar de forma útil o nosso direito à indignação, à inquietação, é dizer que estamos presentes neste país que também é o nosso e que não queremos mais ver adiado. Se é tempo de acção, sejamos agentes deste tempo e motores desta acção.


António Capelo, Actor, Encenador e Mandatário da Candidatura do Bloco no Distrito do Porto

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Tirar a Máscara

Quando chega o Carnaval é a altura de todos usarem as respectivas máscaras para poderem ser aquilo que sempre desejaram ser. Eu proponho que tiremos todas as máscaras e sejamos ao longo de todo o ano aquilo que desejamos ser, isto é, autênticos.

Hoje o Carnaval perdeu o seu significado inicial. Antes tratava-se de uma época em que, por toda a Europa, os povos espezinhados pelos senhores dos privilégios tentavam subverter a realidade e, pelo menos por alguns dias, provarem o sabor da igualdade e da liberdade. Actualmente o Carnaval é pouco mais do que um negócio, que ultrapassou as fronteiras da velha Europa e se transformou num fenómeno de globalização e aculturação capitalista.

Retirem-se pois as máscaras e vivamos os 365 dias do ano de acordo com as nossas convicções e não afectados por recalcamentos.

Curiosamente o nosso País atravessa neste período uma época eleitoral. Muitos, quase todos, usam máscaras para esconder o seu verdadeiro pensamento e transfigurarem a realidade, tentando fazer dos Portugueses os seus bobos que se deixam manipular facilmente pela propaganda. Nunca uma campanha eleitoral foi tão desinteressante e tão desprovida de ideias, sobretudo por parte dos partidos que aspiram à área do poder.

Sou de esquerda, mas não tendo vocação para militâncias partidárias, não sou apolítico. Tive a sorte de beneficiar das lutas dos outros que me possibilitaram que desde os 18 anos possa exercer o meu direito e dever de voto ou de escolha. Essa escolha tem sido difícil, dentro da área da esquerda, porque não sendo eu militante partidário não me revejo em nenhum partido mas, evidentemente há pontos em comum com a generalidade dos partidos de esquerda. Desde o 25 de Abril que já votei praticamente em todos os partidos ou candidatos de esquerda, conforme as conjunturas do momento e as minhas próprias convicções. Houve uma altura em que cheguei mesmo a votar nulo como forma de protesto.

Uma vez que não abdico do meu direito e do meu dever de voto, não tenho muitas alternativas de escolha no próximo dia 20. Ou voto num determinado partido ou voto em branco. Já aqui defendi, na altura em que se falou tanto do voto em branco aquando do lançamento do último livro de Saramago, que um voto em branco, ou nulo, tem que ter um significado à priori, doutra forma é um voto inconsequente e que nada acrescenta na luta contra o actual sistema democrático que tem vindo a afastar os cidadãos do exercício da cidadania. O discurso da casta política sobre este tema não passa de faits divers, isto é de máscaras, pois a abstenção aumenta de eleição para eleição e tudo fica na mesma. No dia seguinte repete-se o mesmo discurso de sempre e tudo volta à podre normalidade.

Sem uma definição clara do significado do voto em branco ou nulo, sou obrigado a optar pelo mal menor e, nestas eleições, o meu ponto de vista levar-me-á a votar no Bloco de Esquerda. É um voto escolhido racionalmente, mas que não me identifica totalmente com este partido, para mim é o mal menor, porque este partido apresenta algumas ideias interessantes e não se fecha em fundamentalismos e/ou dogmatismos. Apesar de considerar que é o mal menor, não quer dizer que seja um voto pela negativa, pois senão, com significado ou sem significado, não me restaria outra alternativa que não fosse a do voto em branco ou nulo. Voto no Bloco de Esquerda com a convicção que é aquele que mais se aproxima da minha maneira de ser e o que apresenta propostas mais interessantes para os Portugueses. Voto no Bloco de Esquerda porque gosto da generalidade dos seus candidatos pelo meu Círculo Eleitoral, o Círculo do Porto, particularmente do Teixeira Lopes e da Alda Macedo (companheira de lutas sindicais, dinâmica e coerente).

Sou ateu, heterosexual, anti-dogmático, anti-fundamentalista e defendo, em casos extremos, o recurso ao aborto e à eutanásia, sem banalização. Nada me move contra os que têm outras opções, desde que sejam autênticas. Não tenho preconceitos, não defendo dogmas, não pretendo impor a minha posição a quem quer que seja, mas tolerância não é significado de indiferença, pois continuo a minha luta sozinho, ou acompanhado, mas sem chefes, contra a intolerância, o fundamentalismo e o dogmatismo. Não tenho a certeza de estar certo, mas a cada momento tenho a certeza que as minhas decisões estão de acordo com as minhas opções e são as correctas para mim. Não posso aceitar que alguém se considere o detentor da verdade e tente impô-la aos outros, impedindo o livre arbítrio e a liberdade de escolha.

As estruturas sociais, políticas, económicas e religiosas têm-se alterado ao longo dos tempos. É certo que algumas transformações conjunturais são muitas vezes entendidas como estruturais e este erro é tão mais frequente quanto mais nos aproximamos da nossa contemporaneidade. Ainda bem que as estruturas se têm alterado, pois de outra forma continuaríamos na Idade da Pedra e a evolução humana teria parado no tempo.

Tenho plena consciência que existem outros mundos para além do nosso, quer no sentido literal quer no figurado. Por isso o futuro reservar-nos-á muitas surpresas.

Como não sou perfeito, longe disso, tenho consciência que o caminho se faz caminhando, por isso vou traçando o meu caminho com os meus defeitos e as minhas virtudes.

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quarta-feira, fevereiro 02, 2005

Depois do amor

Se me rio depois do amor
Não é zombar do sagrado
É puro contentamento
De algo que me foi dado
É só o deslumbramento
De um momento revelado

Mal é depois do amor
Não haver vestígio dele
Cresce por dentro um vazio
Que nem as palavras preenchem
Suspensas por um fio

Depois do amor
Se eu me rir
Depois do amor
Se eu me rir

Da próxima vez que me rir
Já sabes foi o amor que cedeu
Da próxima vez que me rir
É porque o amor me inundou
E a sua água em nós correu

E o melhor veio depois
Porque então ríamos dois

Depois do amor
Se eu me rir
Depois do amor
Se eu me rir
Depois do amor
Se eu me rir

Carlos Tê, Lustro

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